12 de janeiro de 2009

QUEM SOU EU; quem é você ? ou Recomeçar

Já fui ao Bonfim atrás de benção e a cartomantes atrás de previsões; já paguei promessas e acreditei em juramentos quebrados; já amei e fui amada ao mesmo tempo; já me apaixonei e já achei que estava apaixonada sem estar; ainda penso em ser escritora, mãe, esposa e sei já sou mulher, filha, profissional, tia e Amiga e já fui criança, menina, virgem, mocinha, mais complicada, mais louca, mais certinha, já fui mais e já fui menos ; já fui madrinha de alguns casamentos e de uma criança; passei réveillons em silêncio e na balbúrdia; já levei presentes a Iemanjá e comi caruru de São Cosme e de Santa Bárbara; já cantei pra Santo Antônio e já tomei muitos passes espíritas; já chorei a perda de pessoas vivas e mortas; já vivi o luto de uma relação e achei que fosse eu mesma morrer; já tomei muito banho de descarrego e larguei pelo mundo algumas culpas; já andei de mãos dadas com a morte e com a vida; já tive medo de mim e dos outros (principalmente da vida); já briguei com Deus e fiz as pazes; já me senti a mais só das criaturas, mas também já me senti sufocada pela presença de gente querida; já quis casar; já pulei atrás do trio várias vezes e em alguns carnavais quis ficar quietinha; já chorei em nascimentos, casamentos, enterros e especiais de Roberto Carlos...

Essas e tantas outras coisas que fiz, senti ou vivi são minhas experiências e fazem parte de mim, mas não resumem o que eu sou.

SOU, NA VERDADE O QUE FIZ DESSAS COISAS DENTRO DE MIM. E agora, sou alguém que vive um pós-guerra dentro de si mesma. Sabe quando um país é todo devastado e do vazio é preciso reconstruir essa nação ? sabe quando falam em "ressurgir das próprias cinzas, tal qual Fênix" ? Pois é isso.

Depois da perda, vem o luto e depois dele o vazio que dá espaço à reconstrução, ao recomeço. Hora de se sentir como uma folha em branco antes do poema, um terreno antes da construção, uma alma esvaziada que busca recompor-se e reintegrar-se para novamente sentir-se existindo de fato.

Esse recomeço pode ser experimental apenas, mas para uma alma inquieta e pensante ele pode ser árduo. Para alguém ansioso, ele pode ser urgente. Mas de tudo que há na Bíblia, eu acredito bastante na passagem que diz "há um tempo pra tudo debaixo dos céus". Ou pelo menos tento apreender isso desde sempre, tanto para levantar, quanto para continuar de pé.

Odeio me sentir só, me sentir vazia, me sentir inquieta como agora. Ficam bornulhando dentro de mim idéiais de como fazer esse vazio angustiante ser preenchido ou como ignorá-lo. Parece que mais do que nunca preciso de espaço; de um horizonte largo, de poucas paredes e nenhuma porta...a vontade da minha alma é poder correr livre, descalça, num campo aberto depois da chuva, enchendo os pulmões de ar e deixando que o silêncio preencha parte desse vazio; a parte mais urgente. Meu corpo e meu coração é que não calam, não me deixam em paz...tem mania de querer voar, mesmo sabendo que é mais seguro manter os pés no chão.

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