9 de novembro de 2010

Ana Carolina -- Elevador / Livro de Esquecimento - Clipe Oficial

"Me ganhou, vai ter que me levar."

" Entreolhares " - Ana Carolina e Will Legend

Essa música é linda e a frase que deu título a este post devastadoramente justa...rs. Por que há conquistas vãs ? Por que algumas pessoas nos conquistam sem razão ? Pior: por que não sabem o que fazer quandos e dão conta de que nos conquistaram?

É muito frustrante quando alguém, simplesmente do jeito que é, conquista algo de especial em nós: a predisposição ao envolvimento, o encantamento, a confiança...e depois não quer saber de nada disso, quer apenas o fugaz, o momento, o "flash do encontro".

Ela estava lá, quieta no seu cantinho, cuidando sozinha de si mesma, achando que deveria exercitar ao máximo a autossuficiência e lidando bem com a solidão. De repente, eis que surge esse alguém, "olhando, querendo, procurando"...e quando ela se deixou levar sem querer saber onde iria dar, ele puxou o tapete dizendo que só queria estar ali, mas não sabia se queria seguir. #fail

5 de novembro de 2010

Era uma vez...não foi.

Era uma vez uma mulher que usava um perfume de uma marca fabricante de canivete suíço e sorria para a vida querendo aproveitar e amar. Um dia, ela conheceu, completamente ao acaso,  um homem (meio meninão ou meio instável), com uma inteligência e perspicácia acima da média, mas sem muito foco.

Apesar do racicínio lógico, ele surgiu quando aquela mulher estava mais sensível e de um jeito muito peculiar, apesar da pouca estatura, ele a abraçou como quem cuida do mundo de alguém....e ele sabia fazer cafuné, contar histórias de outros lugares, fazê-la rir, ouvir o que ela tinah a dizer...mas ele avisou que apesar de tudo isso era frio por dentro.

Ela não tinha um coração precavido, mas já havia aprendido o suficiente com a vida para não contrariar avisos assim e aos poucos foi aproveitando, mas também segurando a si mesma.

Um dia ele lhe apresentou um pôr-do-sol diferente e um momento desses que fica para sempre nas lembranças, mas ele não se propôs a correr o risco de amar, de viver uma história e ela não suportava esse meio-termo, meia-entrega, meio-covarde emocionalmente...sim, porque o amor é para os corajosos, não tem seguro, nem manual.

Foi então que ela se fechou, recolheu sua coragem, sua disposição e seu entusiasmo e foi seguir sozinha, era uma vez o que não foi.

2 de novembro de 2010

E em dias difíceis, a fotografia tem sido uma solidária companhia... assim como tem sido ótima a companhia de quem me apresentou essa vista na minha cidade.

Às vezes me dou conta de que não conheço um décimo das belezas de Salvador. Apesar de a cidade não estar no auge da sua apresentação, há lugares históricos e belezas naturais incríveis.

Essa foto foi feita a partir do Forte de São Marcelo, que eu só tinha visitado em evento protocolar há uns 20 anos. Foi maravilhoso e delicioso revisitar o forte com a P-90 e descobrir um lugar onde é possível estar consigo mesma e ouvir o mar, além de presenciar um lindo pôr-do-sol e obter boas imagens, que podem ficar ainda melhores.

Há coisas piores do que a morte e a guerra ou Minha avó, meu tesouro.

Nós passamos boa parte da vida pensando "pior é na guerra" ou "só para a morte não há saída", como se essas fossem as piores coisas a que estamos sujeitos. De repente, algo na vida ou da vida nos mostra que não é bem assim.

Pensamos também que a morte de alguém querido é das piores coisas que precisaremos superar, mas eis que a vida também pode nos mostrar que a forma como esse alguém morre (ou não) também pode agravar a dor. Perder alguém para a morte é péssimo; perder alguém ainda vivo, é pior.

Alguns de vocês sabem exatamente sobre o que estou falando e eu lamento que saibam, assim como lamento que eu eminha família tenhamos descoberto.
No dia em que o mais sensível, esperançoso e empenhado dos médicos da minha avó disse que não havia mais nada a ser feito a não ser esperar que o corpo dela descansasse e o óbito viesse foi um dos piores dias da minha vida. Um dia do qual ainda não me recuperei e que para sempre vou lamentar. Isso foi dito numa reunião com minha família materna e cada um recebeu de uma forma personalíssima a notícia. Eu fui a única neta presente. Eu me sinto a 5a. filha, não posso negar.

Cientificamente, não sei se o que minha avó passa é o que chamam de vida vegetativa ou morte cerebral, mas acho que é um pouco pior, pois minha ela respira, seu corpo funciona, mas ela não está ali, não abre os olhos, não demonstra estar viva, senão pela aferição de aparelhos que jamais permitirão que eu a sinta de novo presente. O consolo é saber que ela não sente dor, o medo maiorfoi quando o médico disse que ela poderia sentir.
Eu lhes digo: esse contexto é pior do que saber que ela não estará mais aqui; é pior do que a morte. Qualquer conclusão sobre a situação é dura demais e neste momento me sinto incapaz de redigir frases tão duras e pragmáticas.

Desde que ela entrou em coma, eu sabia que ela poderia não acordar, tanto por estar há mais de 03 anos envolvida com assuntos médicos, quanto por conhecimento geral e perguntas que fiz aos médicos dela. Eu tinha tanto medo de que acontecesse o que acontece agora (ou talvez intuisse) que cheguei a perguntar com todas as letras ao neurocirurgião e ele foi duro ao responder, mas também esclareceu.

Quando a vejo, meu coração dói...dói tanto que às vezes acho que não vou suportar a angústia.

Até aquele dia, eu achava que estava conformada, mas a notícia trouxe pra fora todo medo, dor e uma certa revolta pela perda. Dói por mim, por minha mãe, por meus tios; dói por adivinhar a ausência, por perder sonhos, mas principalmente dói não sentir mais minha avó me dando colo, me fazendo cafuné, me olhando como só ela me olhava - um olhar que SEMPRE me fazia mais especial do que penso ser. Ela sempre foi parte especial, importante e doce da minha vida; o colo que eu SEMPRE tive a minha disposição, o cafuné mais gostoso, o momento de deixar d elado a vida adulta e voltar a ser só a neta dela; alguém que sempre me olhou com certa veneração e para quem eu quis ser sempre o meu melhor... minha avó era parte da mjinhas conquistas, orgulho dos meus acerto e alento nos erros ou fracassos...era também força para superar; mais do que rezar, ela me incentivava, acolhia...e como eu já disse: ela era a única que me fazia especial com todos os meus erros, acertos, qualidades e defeitos, cada vez que olhava pra mim e me chamava de minha filha


Eu tenho 32 anos e muitos podem imaginar que a avó não tem mais um espaço importante...comigo isso não se aplica, nunca se aplicou, jamais se aplicaria ou aplicará. Minha avó construiu comigo uma relação única, que talvez venha mesmo de outras vidas, de outras razões muito mais fortes que o sangue.

Se "as avós são as esmeraldas de toda criança", eu tive/tenho uma mina de pedras precisosas, das mais especiais e raras reunidas numa só avó. Ela foi e é, ao lado de meu avô e meus pais, o meu maior tesouro, meu bilhete da megasena acumulada.
Nunca, jamais, eu deixarei de ser grata por minha avózinha ter feito parte da minha vida, da minha essência e por termos nos amado tanto e sempre e estado sempre muito próximas. Lembranças dos nossos momentos serão sempre afagos na minha alma.

Eu quis muito ter um filho que ela pudesse embalar e contar histórias que eu ouvi na infância...não deu tempo...me atrasei.

Minha avó foi a tradução completa do que a palavra avó traz em si e eu nunca terei feito por ela tudo que ela fez por mim, mas nos amamos muito e nunca nos perderemos por completo. Nesse momento só posso rezar pelo bem dela, superar minha covardia para visitá-la, apoiar meus familiares e seguir na busca de viver "apesar de" e superar aos poucos a dor.

Bruno Mars - Just The Way You Are [Official Video]

Benvinda, minha estrelinha.

No dia 22 de outubro de 2010, às 23;49, com 3,450kg e 49,50 cm nasceu Maria Fernanda, minha sobrinha de coração e, em breve, minha afilhada. Veio ao mundo trazer alegria, luz e renovação...veio ao mundo para ser feliz, saudável e amada. Deus a abençoe e proteja e me guie na tarefa de ser sua madrinha, para que eu honre essa benção, esse presente que será ter mais um laço com uma família que tanto me acolhe e que eu tanto amo.

Queria/quero para ela um mundo mais doce, mais tranquilo, de pessoas mais amáveis, mais solidárias, mais educadas, mais conscientes.Queria/quero para ela um Brasil mais seguro, mais educado, menos desigual... Quero para ela muito amor, descobertas, surpresas, dias de sol e friozinho de inverno aquecido; quero para ela uma vida rica, mas segura (como se fosse possível uma vida inteira em segurança)...quero ela TUDO de bom, possível ou não.

Quando a vi pela primeira vez, tive os mesmos sentimentos que tive quando vi sua irmã (meu raio de sol) pela primeira vez há 05 anos: muita emoção que transbordou em lágrimas e não se resume em uma palavra (ou várias).

Maria Fernanda foi a 1a. criança que assisti chegar ao berçário, ainda vermelhinha e assisti tomar o primeiro banho e buscar ávida o próprio dedo, enquanto não reencontrava o peito da mãe. Ela chegou faminta, esperta e depois de ter o que queria, adormeceu calma como um amanhecer. Naquele momento, embevecida diante do vidro do berçário e depois ao ver ela com os pais no quarto, eu senti DEUS ... minha fé teve uma certeza imensa de que Deus existe e é amor e misericórdia e luz. Estar lá naquele momento era presenciar um milagre.

Minha estrelinha chegou para iluminar a vida de muitas pessoas, a minha ela já ilumina desde o momento em que coloquei meus olhos sobre ela nos seus primeiros momentos de vida. E como foi bom estar lá naquele momento ...muito bom...ela nem faz idéia...rs

Muito Prazer: uma nova eu

Há momentos em que nem escrever ajuda a superar/enfrentar a dor, em outros amedronta. Escrever sobre a dor pode ser como um duelo dentro de si mesmo.

Há dias venho pensando num post, mas tenho medo de tirá-lo do peito para colocá-lo em palavras...

Muitas coisas acontecendo a um só tempo e eu sem saber se estou negando a dor ou me deparando com uma nova eu, mais madura, mais dura, menos lacrimosa...finalmente, percebo tudo que Freud, Lacan, e minha analista me ajudaram a fazer por mim mesma: amadurecer.

A análise/terapia não dão um manual, não tem regras, nem garantias, nem fórmulas, mas para mim funciona como uma bússola na busca de uma vida melhor, mais pacífica comigo mesma e, por consequência, mais tolerante e pacífica com o mundo. Não é um processo fácil, demanda perseverança, disciplina, coragem e resiliência, mas vale a pena.

Agora, me reconheço mais madura, mais forte, mais resiliente, mais racional, deixei de ser um problema para minha própria felicidade ou simples existência.

Há ainda muito o que eu fazer por e para mim, mas nesse momento de dor, de perda, o que já aprendi sobre mim, o que mudei em mim e o que aprendi a encarar são de importância vital para o viver.