14 de janeiro de 2009

Helena e The Guy - parte II

O fato é que depois de uma perda amorosa muito grave Helena ficou mais cética, mais descrente e mais medrosa em relação a amor, paixão e afins do que ela mesma esperava. Seria efeito colateral da idade ??
Aqui vale a pena um à parte: a gravidade da perda é algo muito pessoal; as pessoas deviam entender isso. O luto é talvez a mais pessoal das experiências, seja em que circunstância ocorra. Em geral, as pessoas tendem a simplificar a dor alheia, num ritual automático semelhante ao que ensinam em livros de auto-ajuda. Desistam. Cada um sabe o tamanho e a gravidade da própria dor e ninguém sabe quanto tempo será preciso para superá-la. Ofereça ombro e ouvidos, ofereça um pouco de si quando alguém que você ama sofre, mas não para resumir-lhe a dor ou insistir em frases feitas ou releitura de situações vividas. Isso pode até consolar numa primeira conversa, mas depois pode soar como descaso...
Voltando ao conto... Helena estava trilhando o caminho da dor e da rejeição e inesperadamente esbarra em alguém que à primeira vista lhe desperta encantamento e lhe diz com todas as letras o quanto ela é apaixonante...era um alívio, tal qual inspirar depois de um bom tempo sufocada. Um alívio meio desesperado ou sem planejamento .
À princípio, “The Guy” era um cara livre, em meio a uma separação judicial. Em pouco tempo ele evoluiu para o estado de livre em conflito tendendo a uma reconciliação ...e dali a voltar pra casa demorou pouco mais de um mês.
Helena não podia acreditar!! Que p. azar!!
Apesar de começar a perceber que, a despeito do estado civil ,“The Guy” não era o tipo de pessoa com quem ela gostaria de se envolver (egoísta, autoritário, autocentrado, materialista e com disposição sexual mediana, assim como seu pênis - q era quase isso) ela não conseguia deixá-lo.
Por outro lad, ELE, apesar de dizer que queria tentar um relacionamento de verdade com a ex, não a deixava também. Havia uma cumplicidade surgida da dinâmica em que ele desabafava e ela ouvia que os prendia, além de um tesão muito maior do que a satisfação sexual em si (ao menos para ela).
Era uma coisa confusa e atípica na vida dela, mas era irresistível naquele momento.
E não pensem que foi simples !! cada vez que ela ou ele decidiram tentar um afastamento, foi doloroso para ela. Parecia que quanto mais envolvido ele ficava, mais medo ele tinha e então armava uma discussão em que acabava tudo o que quase tinham, para ressurgir exatamente quando ela começava a se acostumar à ausência.
E a cada reencontro novas loucuras e fantasias dignas de aventueiros paixonados, mas que não se declaravam...ou simplesmente muito tesão mesmo!!
E assim foi caminhando a vida e passando o tempo...eles se viam pouco, ela passou a se entender sozinha, chorava cada vez menos nas “separações” e um dia não chorou. Ficou muito p. da vida, mas não chorou e ate achou melhor!!. E ele voltou.
Ao longo de 01 ano não passaram nem 3 meses sem um encontro, mesmo quando ele pensou em largar tudo por uma antiga paixão e não por ela. Ainda assim, ele voltou.
É preciso dizer que, dentro de si, no auge da sua paixão por ele, Helena guardava a enorme culpa por desejar que aquela família se desmanchasse, mesmo que para ela aquele casamento praticamente não existisse.Ela chegou a perder o sono se achando a mais errada das mulheres. Uma espécie de culpa católica que lhe acometeu como uma catapora. Nesse tempo, chegou a sentir profunda pena da mulher enganada, mesmo sem saber até que ponto havia enganos naquele casamento. Talvez ela fosse justamente o que os mantinha unidos.
Nesse meio-tempo, Helena não deixou de se propor a conhecer outras pessoas, viajar, curtir. Chegou a engatar um romance à distância: intenso e fugaz. Se relacionava paralelamente com outro cara, mas lhe incomodava que “The Guy” fosse uma espécie de dono do pedaço, prioridade ou algo assim. Era com ele que fantasiava.
Por fim, chegou à conclusão que estava com aquele cara sexualmente mediano, emocionalmente prejudicial e intelectualmente charmoso por dois motivos: o medo da solidão inquestionável e o conforto dos desprazeres já conhecidos. Dele viriam dores já conhecidas, que ela já havia superado e aprendido a passar por cima para ter algum prazer. Era pouco, mas parecia seguro. MECANISMOS DE AUTODEFESA DO SER HUMANO COSTUMAM SER CHEIOS DE IDIOSSINCRASIAS E TEORIAS MALUCAS !! Ele fazia parte da terapia pra superar o luto, mas ás vezes era nocivo (o remédio pode ser veneno!) e minava sua auto-estima ou tentava manipular seus pensamentos e atitudes em algum discurso onde ele era o centro das atenções e só emanva verdades. Afinal, quem esse cara pensa que é ??!!
Um dia ela estava triste e ele ligou e antes de atender ela já sabia que a voz dele não bastava e que ele não lhe diria nada que aplacasse a sua angústia ou tristeza.
Nesse dia, percebeu que o fim já havia começado. Ele estava prestes a se tornar mais um na multidão ...

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