1 de novembro de 2009

PARTE I - ENCONTRO

Eles se encontraram ao acaso, por assim dizer.
Não, a verdade é que de um certo modo tiveram a chance de se escolherem e o acaso deu um aval importante. Se é que o acaso move encontros...
Conversaram um tantinho, ainda distantes fisicamente (milagres da tecnologia), e trocaram predileções e impressões sobre a vida, antes do impactante encontro de estréia.
Sim, com eles foi impactante desde o primeiro encontro. Não houve fogos de artifício ou efeitos especiais apreciáveis por terceiros, mas mexeu com eles.
Ela estava nervosa; chegou antes e temia não saber o que dizer ou como gesticular. Ela odiava quando getsiculava demais ou de menos.
Ao vê-lo, a imagem real dele não era a da sua mente, mas em pouco tempo esse desencontro de projeções se tornou desimportante.
Ele pareceu enternecido ou embevecido, mas era tão autoconfiante que não deixou transparecer nada que não fossem galantes elogios à aparência dela. Elogios q ela relutava em acatar e, ainda ssim, ele insistia em proferir.
Risos...muitos risos foram soltos no ar. Risos de um colorido realmente primaveril. Eles haviam se encontrado na estação certa, pelo visto.
De repente, o que era pra ser um encontro de estréia, talvez rápido e superficial, parecia um encontro de velhos conhecidos, com um quê de romance no ar... pareciam já se conhecer há tempos, tinham muitas afinidades e a melhor delas é que não se furtavam de falar de coisas profundas e interessantes ; coisas da vida... Empatia de estranhos conhecidos.
Serem conscientes da sua condição humana, seus limites, seus dilemas e suas buscas os aproximou de uma maneira difícil de acontecer em tempos de amizades eventuais e sexo casual.
Ali, naquela mesma, naquele café, abriu-se um portal no tempo X espaço e eles divagaram, riram, confessaram e conversaram sem ver o tempo passar.
Não havia estranheza ou silêncios cortantes, havia afinidade, interação e um quase-flerte.
Pra confirmar que não foi misancene, nem sorte de principiantes, e que havia uma energia, uma química muito forte, naqules instantes, eles se encontraram de novo e se falaram muitas outras vezes.
Foi então que num  desses encontros, depois de muito falarem, rirem e divagarem, já sem o receio de precipitar o toque e sob clima de romance no ar...aconteceu um beijo.
Naquela madrugada de um domingo de lua crescente, um beijo transformou um segundo em vários minutos, onde mais nada existia a não ser eles dois, ali, na rua, naquele abraço, naquele inevitável laço que por algum tempo os unia desconcertantemente.

Não sabiam até onde seguiriam, mas sabiam que aquele beijo, intenso, entregue e demorado foi inevitável... foi romance e luxúria; uma explosão de sentimentos confusos que não lhes parecia fazer falta, mas de repente pareciam tão urgentes.

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