7 de abril de 2009

O PÚRPURA DOS DENTES

Pode não parecer, mas homens vão ao dentista depois dos 30, mesmo quando não estão sentindo dor ou quando suas bocas encontram-se em estado de calamidade pública.



Me tenham como exemplo.



Na semana passada fui a uma consulta de rotina, daquelas em que não se espera nada mais do que babadores, sugadores e camadas estratosféricas de flúor. Para a minha surpresa havia algo mais: uma dentista. E que dentista. Uma mulher linda, linda mesmo, dona de uma beleza amedrontadora.



Entre o medo e a surpresa, duas coisas me chamaram a atenção: o seu sorriso fácil, que contrariava qualquer teoria sobre casas de ferreiro e espetos de pau, e a blusa decotada que ela usava por baixo do jaleco. Aliás, decotes lembram bocas escancaradamente sorridentes.



Entrei em pânico ao pensar que aquela mulher iria se debruçar sobre mim. Pensei também em algemas, vinho tinto e leite condensado. Relaxei. Olhei para o decote e devolvi o sorriso. Ela tocou meu rosto, meus lábios e se aproximou. Fechei os olhos e esperei pelo clímax.



Aí veio o barulhinho da broca. E juro a vocês: nem pensando em gêmeos siameses gordos e suados um homem consegue brochar tão rápido.

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