9 de fevereiro de 2010

Uma menina baiana no carnaval.

Para quem nasce e é criado na Bahia, especialmente em Salvador, é quase impossível manter-se imune aos efeitos do Carnaval. Querendo ou não, o baiano acaba formando uma opinião sobre o carnaval. Tem os que amam e os que odeiam o fervor da cidade nesta época. Aqui não dá para não notar que é carnaval !!!

 
Em Salvador, provavelmente mais do que outros lugares, o ano começa mesmo depois da quarta-feira de cinzas. Nos dias de carnaval, é aqui que acontece a maior festa popular do planeta (de acordo com o Guiness) e foi aqui que surgiu o trio elétrico, os novos baianos, a guitarra baiana e a axé music (entre outras variações sobre o tema "música de carnaval baiano").

Eu nasci numa família que tinha um bloco de carnaval !! Pois é, não bastasse ter nascido "menina baiana", meus tios tinham um bloco e (acreditem!) ainda bem pequena lembro de ter ido parar em cima do trio a contragosto do meu pai mineiro. Eu lembro mesmo...do som do "varre, varre vassourinha", das sombrinhas , mamãe-sacode e do verde/branco da fantasia feita com o tecido da mortalha. Depois dessa experiência tão rica e precoce, passei alguns anos vendo o carnaval pela televisão, a contragosto, mas muito atenta.

Poucos carnavais depois de eu ter nascido o bloco dos meus tios acabou e eles passaram a sair nos Internacionais, num tempo em que lá só saíam homens e a fantasia. Lembro de como eu os achava lindos naquelas fantasias que os homens de hoje não ostentariam com tanto orgulho  e me contentava em ir com minha mãe e minha tia acompanha-los até a concentração do bloco.

Naqueles tempos, carnaval pra mim era apenas uma festa colorida e divertida que passava pela televisão e da qual eu queria muito participar, mesmo sem saber porque ela acontecia.
Muito antes de vestir um abadá, fui baiana, bailarina, odalisca e outras tantas fantasias acompanhadas de confete e serpentina...foi de Odalisca que ouvi Netinho cantar a história da Uva no céu da sua boca...rs

Apesar de vir de uma família de chicleteiros e de ter vestido o abadá pela 1ª vez para curtir o Chiclete com minha mãe (depois de uma insistência dramática), eu debandei e me tornei fã do Asa. Meu primeiro carnaval com Durval foi o meu 2º de bloco e foi o máximo !! Adoro a Timbalada, mas não pra pular o carnaval no chão.Depois, veio o Jammil e acabei me tornando "Iveteira" com vários carnavais no Cerveja e Cia e Corujas.
Minhas melhores lembranças de carnaval são as minhas amigas; sempre pensei no carnaval como um momento da amizade, brincadeira, gargalhadas e curtição. Nos meus carnavais não havia espaço pra nada muito sério, grave, urgente ou pesado, mas já sofri de mal de amor no carnaval, já chorei no relógio de S. Pedro e já vivi momentos de muito amor nos carnavais em que estava namorando. Aliás, nada como uma chuva de carnaval agarrada no seu amor !!
Nunca vivi o carnaval como se não fosse haver amanhã; não precisa tanto pra ser divertido.
Já ri á toa e tomei muitos banhos nos chuveirões que eram instalados em tempos de água farta !!
Já voltei com o rosto cor-de-rosa depois de seguir os Corujas na avenida.
Já beijei no carnaval como se fosse o último beijo da minha vida !
Sempre procurei estar atenta no carnaval e os anjos que me guardam ficam bem atentos (Graças a Deus !).
Nunca acreditei em grandes amores nascidos no carnaval; nunca procurei, nem encontrei esse tipo de surpresa, embora saiba que existe !! Mesmo assim, já vivi romances que só duraram um dia de carnaval e fiquei bem feliz !
Sempre pulei o carnaval pensando numa oportunidade para ser alegre com pessoas queridas sem pensar em trabalho, sonhos, metas e afins... um portal para fora do cotidiano, um período quase sabático !! Afinal, se precisasse de um motivo ou objetivo, o carnaval não seria tão divertido.
E é assim que continuo encarando o carnaval...uma chance pra rir à toa sem ter que haver um porquê !!

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E PRA VOCÊ:? O QUE É O CARNAVAL ? QUAL A SUA MELHOR LEMBRANÇA ?

Um comentário:

Ilhados Aqui disse...

A maior lembrança que tenho do carnaval da bahia foi do único ano em que viajei pra fora: quando voltei, fiquei louco por não ter curtido...